Esse tipo de vínculo não acontece por acaso. Na verdade, ele é construído sobre algo mais profundo do que qualidade, preço ou inovação. É uma questão de “propósito”, ou como Simon Sinek coloca: “de começar pelo “porquê”.
No livro Comece pelo Porquê, Sinek mostra que as marcas que inspiram não são as que tentam convencer o cliente racionalmente, mas as que se conectam emocionalmente — e isso acontece quando elas deixam claro por que fazem o que fazem.
O que você vai ver nesta matéria:
* O que é o Golden Circle e como ele transforma marcas comuns em marcas inspiradoras
* O exemplo da Apple, seus produtos e o impacto que causou no comportamento da sociedade
* A explicação biológica de por que nos conectamos com algumas marcas e nem sempre sabemos explicar
* Como encontrar o seu “porquê” e formas de se inspirar para construir esse propósito
* Como aplicar isso no dia a dia da sua empresa
* Os benefícios reais de viver o propósito na prática
O que é o Golden Circle?
O Golden Circle (Círculo Dourado) é um modelo criado por Simon Sinek que mostra como marcas inspiradoras pensam e agem: “de dentro para fora”.
Porquê (Why)
É o “propósito” da marca. Por que ela existe? Qual causa defende? Qual impacto quer gerar no mundo?
Como (How)
São os “valores e práticas” que tornam esse propósito realidade. Aqui entram a cultura, o design, os processos.
O quê (What)
É o “produto ou serviço” que a empresa oferece.
A maioria das empresas começa comunicando o “o quê” (“vendemos camisetas sustentáveis”), passa pelo “como” (“usamos algodão orgânico”) e nunca fala do “porquê” (“acreditamos que moda pode gerar impacto social”).
As marcas que inspiram fazem o contrário: começam pelo “porquê” — e isso gera conexão emocional.
Apple — quando o “porquê” vira revolução
A Apple é o maior exemplo citado por Sinek. Ela não vende apenas eletrônicos. Ela vende uma “ideia de mundo”.
O “Golden Circle” da Apple
Porquê: “Desafiamos o status quo. Acreditamos em pensar diferente.”
Como: “Com design elegante, usabilidade intuitiva e inovação constante”.
O quê: iPhones, Macs, iPads, Apple Watches, serviços como Apple Pay, Apple Music, iCloud…
Essa consistência de propósito fez com que:
iMac mudasse a estética dos computadores.
iPod revolucionasse a forma de ouvir música.
iPhone transformasse o comportamento social global.
Apple Watch trouxesse saúde e conectividade para o pulso das pessoas.
Tudo isso não foi só inovação tecnológica, mas uma forma de expressar um propósito claro. Quem compra Apple sente que pertence a um grupo que valoriza o design, a simplicidade e o pensamento independente.
O fator biológico: por que gostamos do que gostamos?
O escritor Simon Sinek explica que as decisões humanas não são tomadas apenas com lógica.
O sistema límbico do cérebro — onde estão as emoções e comportamentos — não tem capacidade de linguagem, mas é o responsável pela tomada de decisões.
Ou seja, sentimos antes de racionalizar.
É por isso que às vezes “algo faz sentido” sem sabermos explicar.
Marcas que comunicam seu “porquê” falam direto com essa parte do cérebro, criando uma conexão emocional poderosa e duradoura.
Como encontrar o “Porquê” da sua marca?
Nem toda marca começa com um propósito claro — mas ele pode (e deve) ser descoberto.
Aqui estão caminhos práticos para isso:
1. Volte à origem da empresa
* Por que ela foi criada?
* Qual problema queria resolver?
* Qual injustiça ou insatisfação o fundador queria mudar?
2. Converse com quem construiu e quem consome
* Pergunte aos fundadores: o que os move?
* Pergunte aos clientes: o que os conecta à sua marca além do produto?
3. Observe padrões internos
* Quais valores se repetem nas decisões da empresa?
* Que tipo de comportamento é mais valorizado internamente?
* Em que momentos a marca foi mais autêntica e admirada?
4. Busque inspiração em movimentos e grupos
Muitos “porquês” se conectam a causas sociais, culturais ou comportamentais, como:
Marcas conectadas com o feminismo
Essas marcas defendem a valorização da mulher, questionam padrões estéticos, promovem inclusão e dão visibilidade a vozes femininas em todos os espaços. Exemplos:
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Quem Disse, Berenice? – Desconstrói padrões de beleza, promove liberdade estética e campanhas com mulheres reais.
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Pantys – Marca de calcinhas absorventes que dialoga sobre menstruação, saúde feminina e empoderamento com naturalidade.
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Maria Tangerina – Marca de bolsas e acessórios feitos por mulheres e com discursos fortes sobre independência, autocuidado e liberdade.
Empresas que apoiam o empreendedorismo local
Negócios com esse propósito impulsionam a economia regional, valorizam a mão de obra local e promovem autonomia para pequenos produtores e comunidades. Exemplos:
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Tamo Junto – Projeto social da Coca Cola Brasil, que visa empoderar jovens, preparando-os para o mercado de trabalho e oferecendo-lhes oportunidades de desenvolvimento profissional e pessoal.
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Semente Negócios – Consultoria que fomenta negócios de impacto e acelera o desenvolvimento de empreendedores de regiões periféricas.
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Artesol – Valoriza o artesanato brasileiro com foco em inclusão econômica e preservação cultural, apoiando comunidades tradicionais.
Negócios que defendem o consumo consciente
Empresas alinhadas a essa causa estimulam o consumo com propósito, produção responsável, transparência e impacto ambiental reduzido. Exemplos:
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Insecta Shoes – Marca de calçados veganos e sustentáveis feitos com materiais reciclados, com produção ética.
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Linus – Produz sandálias ecológicas e 100% recicláveis, promovendo conforto e redução de impacto ambiental.
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Use Orgânico – E-commerce que vende apenas cosméticos naturais e veganos, e oferece conteúdos sobre impacto do consumo no planeta.
Marcas que abraçam a acessibilidade, diversidade e liberdade criativa
Essas marcas acreditam que todos devem ter acesso às mesmas oportunidades, experiências e representatividade — seja no design, na comunicação ou no time interno.
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Skol – Reformulou seu posicionamento para abraçar a diversidade de gênero, corpos e estilos, promovendo campanhas inclusivas e ousadas.
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Boticário – Trabalha com diversidade nos seus produtos, publicidade e contratação. Exemplo: campanhas com casais LGBTQIAPN+, idosos, pessoas com deficiência.
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Movin – Marca de moda que une estilo, diversidade e inclusão, com foco em liberdade criativa, corpos plurais e produção ética.
5. Modele com base no impacto desejado
Se você pudesse transformar o mundo com sua marca, qual seria essa mudança?
Esta pergunta ajuda a visualizar o “porquê” de forma mais clara e emocional.
Como aplicar o “Porquê” no dia a dia da sua marca?
No atendimento
O atendimento ao cliente é uma das formas mais visíveis de expressar o “porquê” da marca. Se o propósito for, por exemplo, acesso e inclusão, ele deve ser refletido em cada interação — com empatia, escuta ativa e soluções pensadas para todos os perfis de público.
Veja alguns exemplos:
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Empresa de educação cujo propósito é “democratizar o conhecimento” treina o time de atendimento para usar linguagem simples, oferecer suporte gratuito e auxiliar alunos com baixa familiaridade digital.
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Fintech com foco em inclusão financeira cria canais de atendimento em Libras e acessibilidade por voz para pessoas com deficiência.
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E-commerce voltado para a terceira idade adota um atendimento mais lento, paciente e explicativo, com suporte por telefone ao invés de depender apenas de chat online.
Nas redes sociais
As redes sociais são o canal ideal para comunicar — e viver — o propósito da marca. Se sua missão é inspirar autoestima, bem-estar ou transformação social, seu conteúdo precisa ir além da venda e mostrar histórias, causas e ações que reforçam essa verdade.
Confira alguns exemplos:
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Marca de cosméticos com propósito de valorizar a beleza real publica fotos de clientes reais (sem edição) e promove campanhas com diversidade de corpos, idades e tons de pele.
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Startup de saúde mental compartilha vídeos educativos, depoimentos de usuários e mensagens de apoio emocional, reforçando que “cuidar da mente é para todos”.
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Marca vegana que defende o respeito à vida animal usa o Instagram para mostrar bastidores da produção sem crueldade, parcerias com ONGs e iniciativas educativas.
No design e produto
O design (visual, verbal e funcional) é uma das formas mais consistentes de comunicar o “porquê”. Embalagens, materiais, paleta de cores, ícones e até os nomes dos produtos precisam traduzir o propósito da marca com coerência.
Segue alguns exemplos:
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Marca sustentável usa embalagens biodegradáveis, cores neutras inspiradas na natureza e imprime frases sobre consumo consciente diretamente no rótulo.
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Startup que valoriza as “ações locais” adota embalagens com ilustrações de artistas da região e materiais que contam a história da comunidade envolvida no processo.
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Empresa com foco em tecnologia acessível desenvolve interfaces simplificadas, botões grandes e navegação inclusiva, tornando o uso fácil para públicos com baixa escolaridade ou idosos.
Na cultura interna
O “porquê” da marca não pode ser apenas algo voltado para o cliente — ele precisa ser vivido primeiro dentro da empresa. Colaboradores são os maiores defensores ou sabotadores do propósito. Por isso, o discurso precisa estar presente em ações reais: metas, recrutamento, treinamentos e reconhecimento.
Segue alguns exemplos:
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Empresa que acredita na liberdade criativa permite horários flexíveis, liberdade para testar ideias e celebra “falhas inteligentes” como parte do processo de inovação.
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Negócio com foco em impacto social inclui metas ligadas a projetos comunitários e premia colaboradores que propõem ações voluntárias ou ecológicas.
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Agência cujo propósito é empoderar talentos locais prioriza contratações regionais, oferece bolsas de estudo e cria plano de carreira inclusivo para formar líderes.
Quais os benefícios de viver o “Porquê da sua marca” na prática?
💛 Lealdade emocional dos clientes
🚀 Diferenciação real no mercado saturado
🧠 Decisões mais coerentes e estratégicas
💬 Comunicação mais inspiradora
🤝 Engajamento interno e cultura forte
Conclusão
Descobrir e aplicar o “porquê” da sua marca pode parecer simples — mas vai muito além de uma frase bonita no site ou no Instagram.
Quando bem definido, o propósito guia decisões, inspira o time, conecta com clientes e diferencia sua marca de forma autêntica.
No fim das contas, marcas com propósito claro não vendem apenas produtos. Elas movem pessoas.
Se você quer posicionar sua marca com mais clareza, alinhar sua comunicação com um propósito verdadeiro e construir uma base sólida de clientes fiéis, contar com a ajuda de especialistas pode acelerar esse processo e evitar erros comuns.
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